quarta-feira, 1 de outubro de 2008



Ela veio a mim correndo com a boca cheia de fruta colhida. Quanta alegria. Ela era um tanto assim: magrinha, desengonçada e sempre com esse olhar. Uma doçura. Entre os dias de raros vestidos e constantes bermudas cantarolava nas ruas de barro. Ai essa saudade... Um dia bateu em minha porta para me avisar: "Vou viajar!". Para onde? "Vou para a terra de jambos vermelho e chão de flores rosa." Deu-me uma pequena foto. "Para você não se esquecer de mim" E saiu correndo. Sumiu como pólen ao vento. Corro todo dia por entre essas ruas de pedra para concretizar seus sussurros ao meu ouvido.

domingo, 17 de agosto de 2008

Quando menina suas palavras acalantaram meus sonhos. E para sempre terei em mim essa infância" caymminesca".

É tão tarde
A manhã já vem
Todos dormem
À noite também
Só eu velo
Por você, meu bem
Dorme anjo
O boi pega Neném

Lá no céu
Deixam de cantar
Os anjinhos
Foram se deitar
Mamãezinha
Precisa descansar
Dorme, anjo
Papai vai lhe ninar
"Boi, boi, boi,
Boi da cara preta
Pega essa menina
Que tem medo de careta"





sábado, 7 de junho de 2008



Nunca mais encontrei com minha menina. E ela costumava embriagar meus dias. Passei horas me questionando o porquê de tamanha distância. Sem nem avisar ela partiu? Menina, vem aqui. Quero apenas prosear contigo. Amedrontada com tantas recordações? Reviro minhas gavetas e meus pedaços de lembranças. É como tentar montar um quebra-cabeça. Só que quem recorta as arestas das pecinhas sou eu. Sempre. Confundo-me. E minhas fantasias tornam-se também parte desse jogo. Menina, vem aqui me ajudar a montar. Por favor. Estou com tantas saudades de seus olhares. Prometo não falar de minha labuta. Nada de adultês. Quero apenas balbuciar aquelas três primeiras palavrinhas ditas.

segunda-feira, 28 de abril de 2008


Na Little London alguns caminhos são de barro.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Sem palavras no momento.
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008




Domingo passado fui a mais um reencontro com minha querida menina: Infância. Ela sempre trás conforto para minh'alma. Seu cheiro é a melodia que jamais esquecerei. Ela adorava correr coroada de flores, sempre brancas como as teclas de meu piano. Subia em árvores, colhia cajus e amava comer manga verde com sal. Essa menina adora ter predileção por coisas peculiares, às vezes incomuns. Como, por exemplo, seu enorme carinho aos sapos. "Foram as melhores cantigas de ninar que já ouvi." Ela é um encanto aos meus olhos. No entanto, como sempre, todas as nossas conversas trazem uma melancolia ao meu peito. Ela tornou-se adulta. O Tempo, companheiro fiel, parece que a fez envelhecer. Tem dias que desejo culpa-lo por tudo. Será que é preciso se mostrar presente em todas as arestas? Precisava fazê-la crescer assim tão rápido? Meu olhar entristece com medo de um dia o Tempo transformá-la em lembrança fugaz. Enquanto pensava, ela buscava um chá na tentativa de me acalantar. "Lembra-se das aulas de piano?" Perguntou-me ela. Hoje o si bemol está quebrado como tantas outras notas. E as teclas amarelaram. O piano está sempre fechado. Caminho entorno da casa e penso como é curioso esse meu medo de perdê-la. Fico a colher olhares de melancolia e espinhos de culpas. Repentinamente, sou preenchida do mesmo aroma. Olhei para o alto e lá estava: o telhado de jasmim. "É o cheiro de amor." Disse-me ela carinhosamente. E o sorriso brotou em meu rosto. Como sou tola. O Tempo não a envelheceu, apenas abriu a porta para que ela chegasse até mim.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Aos expressionistas abstratos.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008


Bittersweet


Em dias ensolarados sai para caminhar. O dias tornaram-se longos, mas o percurso encurtou. Vive por entre as flores e antigos romances. Nunca teve a sorte de amores tranquilos, apenas tangos incansáveis. Seja como for não se arrepende dos bailes muito menos dos olhares. Está envolta de palavras não ditas e vestida de lembranças memoráveis.