terça-feira, 27 de março de 2012

Pulsa, pulsa, pulsa. Uma alma desmesurada constrói um ser de desequilíbrios. Pulsa, pulsa, pulsa. A morada está partida ao meio. Pulsa, pulsa, pulsa. Sobre ele pousa uma doce e macia luz, abraçando seus sonhos inquietos e fugazes. Pulsa, Pulsa. Ela parece querer habitar sobre ele brotos de sussurros. Pulsa, Pulsa. O sopro quente acalanta a alma. Pulsa. O ninho está construído. O instante torna-se infindo. Ele, anuviado pela luz, se permite colher flores rubras. E primaverando n’alma palpita cantigas de ninar.

domingo, 25 de março de 2012

Tem dias que o corpo pesa tanto que o coração perde o ritmo e a alma transborda em chuva. E nesse dias as palavras são frouxas e os pensamentos incertos. A única coisa que resta é o tempo a repetir: vai passar, vai passar...

quinta-feira, 22 de março de 2012

Creio que herdei da educação de meus pais – ou talvez de outro lugar que não descobri qual é - duas características fundamentais na minha personalidade: a solidariedade e o romantismo. Elas nem sempre se mostram juntas e com freqüência me presenteiam com o prazer. Aqueles que não sabem ser solidários não compreendem esse sentimento de contentamento que surge ao poder ajudar o outro. É qualquer coisa de doação ingênua e materna. Nem sempre isso traz a mim a leveza desejada. Verdade seja dita: ser solidário pesa. É contraditório, mas é um sentimento verdadeiro também. E mesmo com isso o amor brotado dessa doação floresce como árvores em plena primavera. Quanto ao romantismo esse está em mim intrinsecamente. Não é aquele romantismo açucarado, mas sim agridoce. Significa que nem sempre trarei flores com declarações amorosas, porém diariamente beijarei olhos, desejarei o céu mais belo e farei o café amargo (que detesto) com o mesmo prazer de estar comendo um chocolate só por saber que ao acordar verei no seu rosto um sorriso amoroso.

terça-feira, 13 de março de 2012

Nosso primeiro encontro foi lindo, de súbito. Como um desses eventos sublimes que a vida nos acomete. Ele estava de repouso como quem não quer nada. À primeira vista nada tinha a me oferecer. Dizia pertencer a outra, mas meu olhar – e coração - ao encontrá-lo teve certeza: serás eternamente meu. Foi um caso de amor avassalador. Cada palavra saltada aos olhos representava uma poesia. Era como se cada uma delas estivesse pouco a pouco me devassando sutilmente e revelando em mim o não imaginado, o não vivido. Ele tinha nome estranho, mas seus silêncios me envolviam. Alguns anos se passaram desde esse nosso último encontro. Quase havia me esquecido de seus galanteios (filosóficos?), mas novamente nossos caminhos se cruzaram. Ele agora anda sempre ao meu lado e todo dia releio alguma de suas palavras. Hoje ele me disse: “ mas como é possível observar alguma coisa deixando à parte o eu? De quem são os olhos que olham?” (Palomar, Calvino)

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ontem me despedi da Angústia durante meu encontro com o Mar. Ele, com sua brisa doce e olhares luminosos, me orientou no adeus. Disse-me: “A Angústia é uma ilusão à toa”. Com um simples sopro ele acalantou meu pensamento e ainda me trouxe de presente a Alegria vestida de fadinha e linda de tanto sorrir transbordava flores rubras. Durante nosso encontro contou-me das estórias vividas e das frutas colhidas. A Alegria é assim: vem sempre de passagem, mas quando surge é doce e terna. Seja sempre bem vinda fadinha.