terça-feira, 13 de março de 2012

Nosso primeiro encontro foi lindo, de súbito. Como um desses eventos sublimes que a vida nos acomete. Ele estava de repouso como quem não quer nada. À primeira vista nada tinha a me oferecer. Dizia pertencer a outra, mas meu olhar – e coração - ao encontrá-lo teve certeza: serás eternamente meu. Foi um caso de amor avassalador. Cada palavra saltada aos olhos representava uma poesia. Era como se cada uma delas estivesse pouco a pouco me devassando sutilmente e revelando em mim o não imaginado, o não vivido. Ele tinha nome estranho, mas seus silêncios me envolviam. Alguns anos se passaram desde esse nosso último encontro. Quase havia me esquecido de seus galanteios (filosóficos?), mas novamente nossos caminhos se cruzaram. Ele agora anda sempre ao meu lado e todo dia releio alguma de suas palavras. Hoje ele me disse: “ mas como é possível observar alguma coisa deixando à parte o eu? De quem são os olhos que olham?” (Palomar, Calvino)

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