sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008




Domingo passado fui a mais um reencontro com minha querida menina: Infância. Ela sempre trás conforto para minh'alma. Seu cheiro é a melodia que jamais esquecerei. Ela adorava correr coroada de flores, sempre brancas como as teclas de meu piano. Subia em árvores, colhia cajus e amava comer manga verde com sal. Essa menina adora ter predileção por coisas peculiares, às vezes incomuns. Como, por exemplo, seu enorme carinho aos sapos. "Foram as melhores cantigas de ninar que já ouvi." Ela é um encanto aos meus olhos. No entanto, como sempre, todas as nossas conversas trazem uma melancolia ao meu peito. Ela tornou-se adulta. O Tempo, companheiro fiel, parece que a fez envelhecer. Tem dias que desejo culpa-lo por tudo. Será que é preciso se mostrar presente em todas as arestas? Precisava fazê-la crescer assim tão rápido? Meu olhar entristece com medo de um dia o Tempo transformá-la em lembrança fugaz. Enquanto pensava, ela buscava um chá na tentativa de me acalantar. "Lembra-se das aulas de piano?" Perguntou-me ela. Hoje o si bemol está quebrado como tantas outras notas. E as teclas amarelaram. O piano está sempre fechado. Caminho entorno da casa e penso como é curioso esse meu medo de perdê-la. Fico a colher olhares de melancolia e espinhos de culpas. Repentinamente, sou preenchida do mesmo aroma. Olhei para o alto e lá estava: o telhado de jasmim. "É o cheiro de amor." Disse-me ela carinhosamente. E o sorriso brotou em meu rosto. Como sou tola. O Tempo não a envelheceu, apenas abriu a porta para que ela chegasse até mim.

3 comentários:

Larissa disse...

lindo, flor.
e tô te esperando aqui praquela cerva vi?
cheiro.

Beatriz Rodrigues disse...

Poxa, Lilian, querida. Lendo teu post ao som de 22-11 do teatro mágico... você me emocionou muito...

Lílian Soares disse...

Que linda... ;)